Dados do IBGE sobre Trabalho -Mulheres estudam por mais tempo e ganham menos que homens

Mulheres estudam por mais tempo e ganham menos que homens, indica IBGE Por iG São Paulo | 31/10/2014 

Marcos Santos/USP
Em 2010, 15,1% das mulheres entre 18 e 24 anos estavam matriculadas no ensino superior

No Brasil, as mulheres estudam por mais tempo que os homens mas têm salários mais baixos que colegas com a mesma formação. Isso é o que mostra o estudo Estatísticas de Gênero 2014 - Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgado nesta sexta (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2010, 12,5% das mulheres com 25 anos ou mais tinham completado o ensino superior. Entre os homens, o percentual era de 9,9%. Entre as jovens de 18 a 24 anos, 15,1% frequentava um curso de graduação frente a 11,4% dos homens na mesma idade.
As mulheres se formam em maior proporção em áreas com menor rendimento mensal médio entre as pessoas ocupadas. Na área de Educação, 83% dos formados eram mulheres: o rendimento médio em 2010 era de R$ 1.811 mensais. Em Humanidades e Artes, 74,2% dos formados eram do sexo feminino (R$ 2.224 era o rendimento médio em 2010).
Contudo, mesmo quando formadas na mesma área que os homens, as mulheres recebem menos. Diplomadas nas áreas de Ciências Sociais, Negócios e Direito recebiam em 2010, em média, 66,3% do salário dos homens.
Mais escolarizadas em todos os níveis
Em todos os resultados de nível de educação, as mulheres estão em posição melhor que os homens. Além de terem menor taxa de analfabetismo, de 9,1% contra 9,8% dos homens, no ensino médio as mulheres estão mais presentes na idade escolar certa, de 15 a 17 anos, com 52,2% de frequência, contra 42,4% dos homens.
Outro indicador que aponta maior escolarização feminina é a taxa de abandono escolar precoce, que contabiliza os jovens de 18 a 24 anos que não concluíram o ensino médio nem estavam estudando. Esse percentual é de 31,9% entre as mulheres e 41,1% para os homens.
Apesar desse cenário, o rendimento mensal médio das mulheres equivalia a 68% do masculino, em 2010. Para a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo, a delegação de tarefas às mulheres prejudica a igualdade no emprego e na renda: "por motivos que vão além das políticas educacionais e de mercado de trabalho, você não vê essa maior escolarização das mulheres sendo refletida em inserção no mercado de trabalho. Um dos principais motivos é a questão da maternidade. A mulher ainda enfrenta a questão da dupla jornada e, muitas vezes, os cuidados com pessoas da família e serviços domésticos ainda estão substancialmente a cargo delas", analisa.
Bárbara destaca que mulheres e homens têm salários parecidos no início da carreira, mas as diferenças se agravam ao longo da vida: "o desempenho dela depende da escolarização, mas também depende de políticas públicas que permitam que tenha onde deixar as crianças para trabalhar e da legislação trabalhista. Essa parte também pesa a partir do momento que as licenças maternidade e paternidade são muito diferenciadas. Em cargos de direção, você vê nitidamente a diferença de acesso entre homens e mulheres", disse a pesquisadora.
Menino abandona escola para trabalhar e menina para ter filho
Entre os jovens de 15 a 17 anos que não frequentavam a escola, há uma proporção maior de homens que trabalhavam. Em 2010, 7,6% dos homens dessa idade só trabalhavam frente a 4% das mulheres.
No entanto, o percentual de mulheres que não trabalhavam nem estudavam nessa faixa etária era maior. Entre as meninas de 15 a 17 anos, 12,6% não trabalhavam nem estudavam --entre os homens o percentual era de 9,1%.
De acordo com o estudo do IBGE, a situação está relacionada à maternidade, na medida em que 56,8% das adolescentes dessa idade que tiveram filhos estavam fora da escola e do mercado de trabalho, enquanto 9,3% daquelas que nunca foram mães encontravam-se nessa mesma condição.
* Com informações da Agência Brasil



Mercado de trabalho: taxa de atividade sobe entre mulheres, aponta IBGE

Por iG São Paulo 

A taxa de atividade mostra a proporção da população em idade ativa (de 16 anos ou mais) que trabalha ou procura emprego

Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, entre 2000 e 2010 a taxa de atividade se manteve estável (de 64,5% em 2000 para 64,8% em 2010), apresentando, no entanto, variações na desagregação por sexo: de 79,7% para 75,7% entre os homens e de 50,1% para 54,6% entre as mulheres.
A taxa de atividade mostra a proporção da população em idade ativa (PIA, de 16 anos ou mais) que se encontra trabalhando ou procurando trabalho.  
Dentre os grupos etários analisados, a taxa de atividade dos homens de 16 a 29 anos foi responsável pelo maior recuo entre 2000 e 2010 (de 81,0% para 74,6%). Esta tendência também foi observada para o grupo de 30 a 49 anos (de 91,9% para 88,8%), mas não para os grupos de 50 a 59 anos (crescimento de 76,8% para 78,1%) e de 60 ou mais (de 37,4% para 38,7%).
Entre as mulheres de 16 a 29 anos, a taxa de atividade cresceu de forma mais branda (de 56,3% para 58,8%) do que o observado para os demais grupos etários: de 61,1% para 68,1% nos grupo de 30 e 49 anos e de 39,0% para 50,2% entre 50 a 59 anos, por exemplo.
A taxa de atividade se distribuiu de forma pouco desigual entre as mulheres brancas (56,2%) e pretas ou pardas (53,1%) em 2010, ainda que as diferenças tenham aumentado em relação a 2000. Há diferença de 10,5 pontos percentuais entre as taxas de atividade das mulheres que viviam em áreas urbanas (56,0%) e rurais (45,5%), comportamento que não apresentou a mesma intensidade entre os homens (76,4% e 72,2%, respectivamente). Constata-se uma baixa participação das mulheres no mercado de trabalho na região Nordeste (48,2%), quando comparada às demais regiões. A taxa é ainda menor no meio rural (40,0%).
Crescimento da taxa de formalização foi menor para as mulheres
A taxa de formalização no Brasil (proporção, entre os ocupados, das pessoas com carteira de trabalho assinada, militares, funcionários públicos e os trabalhadores por conta própria e empregadores que contribuem para a previdência social) passou de 50,5% em 2000 para 58,6% em 2010. Entretanto, o crescimento da formalização entre as mulheres (de 51,3% para 57,9%) foi inferior ao observado para os homens (de 50,0% para 59,2%), tendência que se reproduz em todos os grupos de idade e de cor ou raça.
O avanço da formalização ocorreu de forma mais intensa entre os jovens de 16 a 29 anos (de 47,9% para 59,4%) e trabalhadores de cor preta ou parda (de 42,6% para 52,7% no total) em ambos os sexos. Esse aumento foi ainda maior no caso dos homens jovens (de 47,0% para 59,7%). Entre as trabalhadoras de cor preta ou parda o crescimento da formalização foi ligeiramente superior ao das mulheres brancas (que foi de 56,8% para 64,3%). No caso dos homens essa diferença foi mais significativa, com crescimento de 42,3% para 53,9% para os de cor preta ou parda e de 56,3% para 64,8% dos homens de cor branca.
A proporção de mulheres com carteira de trabalho assinada aumentou de 32,7% em 2000 para 39,8% em 2010. Este crescimento, no entanto, foi inferior ao observado para os homens, cuja proporção aumentou de 36,5% para 46,5%. O diferencial entre os sexos passou de 3,8 pontos percentuais em 2000 para 6,7 pontos percentuais em 2010.
A participação das trabalhadoras domésticas na estrutura ocupacional das mulheres sofreu redução entre 2000 e 2010, passando de 18,5% para 15,1% das que trabalhavam. A queda na proporção das trabalhadoras domésticas sem carteira de trabalho de 13,0% para 10,0%, junto com a queda de 5,5% para 2,1% das trabalhadoras não remuneradas, foram as duas formas de inserção nas relações de trabalho que mais sofreram redução entre as mulheres no período analisado.
Tal comportamento se mostrou diferente ao dos homens, que tiveram as maiores reduções entre os empregados sem carteira de trabalho assinada (de 20,9% para 17,1%) e os trabalhadores por conta própria (de 28,2% para 24,7%).
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